Burnout: o esgotamento profissional que vira doença
06/04/2018 - 3 minutos de leitura
Há situações em que a exaustão e a frustração no ambiente de trabalho chegam a um ponto limite, afetando a saúde e a produtividade. Saiba mais
Sabe aquele profissional rápido, dedicado, inteligente e muito exigente consigo próprio? Esse é o perfil mais suscetível a desenvolver a Síndrome de Burnout, por mais contraditório que isso possa parecer. Também entram nesse grupo os indivíduos solteiros e sem filhos, que têm a carreira como foco principal e depositam nela toda a sua energia.
Ocorre que a sobrecarga, a falta de reconhecimento, as más condições de trabalho e outras decepções referentes à atividade que desempenham tendem a gerar um desgaste emocional crônico, que culmina no tal do Burnout que, em tradução livre do inglês, significa “queimar para fora”.
Quando a pessoa chega a esse extremo, começa a manifestar perda de autoestima, isolamento, irritação, sensação de injustiça, de pouca recompensa pelo esforço, fadiga ou cansaço. A tendência é que apresente um distanciamento em relação aos indivíduos a quem presta serviço, aos colegas e à chefia, levando a um comportamento frio, com falta de empatia, e, às vezes, excessivamente reativo.
Mais comuns em profissões relacionadas a atendimento ao público, como as das áreas da saúde e da educação, o Burnout tem a ver não só com o perfil individual como com as condições laborais.
Os quadros de funcionários reduzidos, a carga horária estendida, o assédio moral ou situações de exposição, uma estrutura física e ergonomia inadequadas e uma política organizacional hostil são alguns dos gatilhos para o problema.
Junto com os sintomas relatados anteriormente, o paciente pode ter doenças psicossomáticas associadas,tais como dor de cabeça, gastrite e alergias, além de depressão. Sem contar o ônus profissional, por si só, já que a tendência é que a pessoa abandone as tarefas, tenha comportamento ríspido com seus superiores e uma queda no rendimento.
O mais importante, nesse caso, é saber reconhecer a situação e o momento de buscar ajuda de um psicólogo e de um psiquiatra. Esses profissionais vão ajudar o paciente a identificar os fatores desencadeantes do distúrbio — se são características de sua própria personalidade, se são aspectos relacionados à profissão ou ao seu emprego, especificamente.
A partir daí, a ideia é que se redimensione o problema, buscando a ampliação das interações sociais, mudanças no modo de enxergar e solucionar os problemas, a adoção de hobbies e de atividades que visem o bem-estar físico, incluindo a prática de atividade física regular e exercícios de relaxamento. Quando a depressão vem associada, o médico avalia a importância de prescrever um medicamento antidepressivo. E, se necessário, um período de férias e até o afastamento do trabalho devem ser considerados.
Por fim, não podemos deixar de mencionar a responsabilidade das empresas em reconhecer o problema e empenhar esforços, junto aos seus departamentos de recursos humanos, para identificar as condições inadequadas de trabalho e fazer melhorias em seus processos internos.
Fonte: Dr. Valdenir Tófolo, psiquiatra do Hospital Samaritano Higienópolis.
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