Diverticulite: é possível prevenir
30/10/2017 - 3 minutos de leitura
Você já ouviu falar do problema? Ele ocorre quando pequenas bolsas se formam na parede do intestino e, depois, inflamam. O Dr. Umberto Morelli, especialista em coloproctologia do Hospital Samaritano, esclarece os detalhes sobre o assunto
Fatores genéticos, idade superior a 50 anos e dieta pobre em fibras (que leva à constipação) podem fazer com que pequenas bolsas se formem na parede do intestino grosso, chamado de cólon. “Imagine que um pneu de carro é composto por uma camada interna, fina e elástica, e uma camada externa, grossa e resistente.
Se fizermos um furo na camada externa e aumentarmos a pressão na camada interna, ela irá se expandir como um pequeno balão, através do orifício”, compara. “Agora, pense no cólon com a mesma estrutura: uma camada externa resistente, feita de músculos, e uma camada interna fina (mucosa). Ao aumentar a pressão no interior, pequenos balões podem se formar onde houver menor resistência muscular”, explica.
Esses tais balões são os divertículos e, quando eles inflamam, configuram uma condição chamada diverticulite. É importante fazer essa distinção, porque, embora a formação de divertículos acometa um terço da população com mais de 45 anos e até 66% dos indivíduos com mais de 80 anos, apenas cerca de 25% tem sintomas e apresentam a diverticulite, em si, segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
Quais são as causas do problema?
A principal causa da diverticulite é uma dieta pobre em fibras.Esses nutrientes são necessários para aumentar o calibre das fezes, facilitando sua excreção. Fezes pouco calibrosas exigem que o cólon faça muita pressão para eliminá-las, favorecendo o surgimento dos divertículos.
Que fatores aumentam os riscos de desenvolver diverticulite?
- Idade
- Obesidade (estar acima do peso)
- Tabagismo
- Sedentarismo
- Dieta rica em gordura animal e pobre em fibras
- Medicamentos: algumas substâncias, como esteróides, opióides e certos anti-inflamatórios, a exemplo do ibuprofeno e do naproxeno, podem predispor à doença.
Quais os principais sintomas?
- Dor abdominal, que pode ser constante e durar dias. A sensação tende a se concentrar na região inferior esquerda do abdômen.
- Náusea e vômito
- Febre
- Mudança abrupta do hábito intestinal, com constipação (prisão de ventre) ou diarréia.
- Sangramento por via retal
Como é feito o diagnóstico?
O médico examinará o paciente, avaliará o relato dos sintomas e poderá colicitar exame, como os de sangue, urina, teste de gravidez, no caso de mulheres em idade fértil, raio-X ou, mais frequentemente, tomografia de abdômen.
Em algumas situações, também é realizada uma colonoscopia, para confirmar o diagnóstico. Trata-se de um exame mais invasivo, em que um tubo flexível, associado a uma câmera, é introduzido no reto para avaliar as condições do cólon. “Este exame deve ser feito, no mínimo, oito semanas após o episódio de diverticulite. Nunca durante ou logo depois de uma crise”, avisa Morelli.
Como é feita a colonoscopia?
É necessário esvaziar o intestino antes da realização do exame, para enxergar, com clareza, qualquer irregularidade, inflamação, pólipo ou tumor. Essa limpeza deve ser feita dias às vésperas do exame, por meio de dieta e ingestão de laxantes.
Como costuma ser conduzido o tratamento?
Se a diverticulite for leve e sem complicações, como perfuração ou abscessos, pode ser tratada ambulatoriamente, com uma terapia à base de antibióticos, anti-inflamatórios, analgésicos e dieta. Neste caso, o índice de sucesso do tratamento varia entre 70% e 100%.
Em casos mais graves, se ocorrer sangramento, perfuração, abscesso ou fístula, por exemplo, é necessária a internação hospitalar, com jejum e antibióticos por via venosa.
A cirurgia é necessária quando a diverticulite é caracterizada por grandes abscessos, a terapia com antibióticos não funciona ou há obstrução no intestino.
Como prevenir a diverticulite?
A dieta e o estilo de vida têm um papel muito importante neste sentido. Algumas atitudes positivas são emagrecer, parar de fumar, reduzir o consumo de carne vermelha e gordura de origem animal, fazer atividade física, evitar a automedicação e se hidratar corretamente, conforme orienta o especialista.
Aumentar o consumo de fibras é crucial. Verduras cruas ou cozidas, alimentos integrais e frutas são os principais aliados para prevenir o aparecimento de divertículos e depois na prevenção da doença.
Um intestino sadio, que funciona regularmente, é requisito para prevenir doenças potencialmente graves.
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