Ortopedia além dos ossos
28/11/2017 - 3 minutos de leitura
Ao pensarmos na especialidade, o que vem em mente são fraturas, problemas posturais, dores na coluna e afins, certo? Nosso sistema locomotor, porém, depende de outras estruturas tão importantes quanto a óssea. E quando elas sofrem alguma lesão, o resultado pode ser desconforto e limitações. O Dr. João Carlos Belloti, ortopedista do Hospital Alvorada, em São Paulo, explica direitinho a importância de cada uma:
Tendões: são cordões que unem os músculos e os ossos, conduzindo a força necessária para a realização dos movimentos. É por isso que a flexibilidade e a mobilidade ficam comprometidas quando ocorre uma lesão importante em uma dessas estruturas.
Entre os ferimentos mais preocupantes, estão aqueles provocados por objetos cortantes, que requerem avaliação imediata e uma intervenção de emergênca, a fim de evitar sequelas. “Geralmente, é necessária cirurgia e o ideal é que o procedimento aconteça no prazo máximo de uma semana”, avisa o Dr. Belloti.
O mesmo vale para as rupturas relativas à degeneração, mais comuns em idosos. Posteriormente, essas situações geralmente requerem um trabalho de reabilitação, com fisioterapia e fortalecimento muscular.
Segundo o médico, há, também, as lesões ocasionadas por trauma ou esforço repetitivo, seja devido a postura inadequada durante uma atividade laboral ou na academia de ginástica, por exemplo. Esse tipo de sobrecarga gera uma inflamação crônica nos tendões. Casos mais severos exigem o uso de medicamentos anti-inflamatórios e até imobilização.
Exercícios de flexibilidade, aeróbicos e requilibrio muscular favorecem o condicionamento físico, diminuindo o impacto sobre os tendões e, consequentemente, minimizando os riscos de prejudicá-los.
Ligamentos: ouvir que alguém rompeu um ligamento é algo relativamente corriqueiro, mas nem todo mundo conhece a função desse tecido fibroso.
Como o próprio nome sugere, ele serve para conectar os ossos, mantendo a estabilidade das articulações. Quando sofre algum dano, as articulações podem se movimentar fora do eixo normal, ficando sujeitas a desgastes. É o caso dos indivíduos que frequentemente apresentam deslocamento de joelho, ombro ou punho, por exemplo.
Geralmente, a lesão decorre de uma queda, torção ou outro trauma, mas nem sempre provoca dor suficiente para que a pessoa procure imediatamente atendimento.
Depois do evento, o paciente pode perder a força e a estabilidade no membro, apresentando sensação de falseio ou de fraqueza ao se movimentar. Com o tempo, há possibilidade de a articulação se desgastar, culminando em um processo de artrose.
Por isso, diante de uma dor persistente, luxações ou deslocamentos recorrentes, o melhor é consultar um ortopedista. “Caso um ligamento tenha se rompido, o tratamento vai depender da extensão do problema, podendo variar de medicamentos, reforço muscular e imobilização até cirurgia”, explica o Dr. Belloti.
Nervos: são eles que transmitem os impulsos elétricos do sistema nervoso central para todas as regiões do corpo e vice-versa. Se um nervo é danificado, essa troca de informações fica truncada. Como resultado, ocorre o formigamento, a perda de força, de movimentos e de sensibilidade. “Quando isso se dá de forma abrupta, por conta de um corte na mão ou no punho, por exemplo, trata-se de uma emergência grave, que precisa de uma intervenção cirúrgica — o ideal é que ela aconteça em, no máximo, uma semana”, alerta o Dr. João Carlos Belloti.
No entanto, as causas mais frequentes de alterações nos nervos são as síndromes compressivas, como a do túnel do carpo. “Ela se caracteriza por um estreitamento na região do punho, que leva à compressão das terminações nervosas”, esclarece Belloti.
Entre os principais sintomas estão dormência, formigamento noturno, perda de força e alteração de sensibilidade nas mãos. Se identificada e tratada no início, a doença pode ser revertida com bons resultados, seja com medicamentos e o uso de uma tala no período noturno ou, em casos mais severos, com cirurgia. Se for negligenciada, porém, tende a piorar no decorrer do tempo, acarretando danos permanentes.
Fica a mensagem: dor, formigamento, alteração de sensibilidade ou movimento sempre justificam uma ida ao ortopedista. Via de regra, os problemas ortopédicos são muito mais fáceis de se resolver quando detectados em uma fase inicial.
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